25 de julho de 2010

Mas ei.



Noites adentram e eu dentro.

Jaz dentro de mim a noite passada,

Onde você se fazia minha,

E era nada mais que clarão desordenado.


Oh ingrata, desalmada, infiel solidão,

Acompanhas-me por uma vida,

E me abandonas sem explicação.

Não aprendi a viver sem ti, mas ei.


Natureza morta, eu viva sem luz.

A escuridão que me cravava o peito,

Hoje arvoredo se autodenomina

Ilumina-me a alma.

10 de julho de 2010

Albertina

Ela amou daquela vez e jurou que seria a ultima, se rendeu aos seus desejos, deixando que o seu sub-eu a comandasse, deu uma achou pouco, deu outra querendo mais, deu de novo clamando por prazer, se fez submissa, se fez dominadora, e o mais gozado foi que ela não gozou, não falo do êxtase do prazer, mas sim a vida, ela não gozou a vida, em momento algum, sempre foi reprimida, diminuída, depreciada, esquecida, usada, do modo mais sujo que se pode pensar, mas isso seria somente até hoje, de amanha por diante ela não se submeteria mais, e nem meteria também, faz parte do processo. De amanha por diante ela vai ser oca, insensível e inerte, ai sim ela estará apta a viver nesse mundo cão, onde quem late mais alto e o mais forte e quem tenta opinar termina acoplando apenas de quatro.

8 de julho de 2010

Ausência


Como se já não bastasse a tua ausência, tenho agora q aprender a conviver com tua necessidade do meu desejo, tenho q aprender a viver com essa tua vontade de se alimentar do resto do meu ego, do resto do meu amor próprio, como se já não bastasse viver e me sentir sempre acompanhada pela tua ausência, agora tenho que me adaptar a viver, também, cercada de teus olhares que além de distantes são indecisos e jocosos.

A noite esfriou, e você pra variar não chegou, já estou me acostumando com a idéia de não te ter mais pra mim, te ver nos braços de outra é desconfortabilissimo, porém egoísmo é para os fracos, certo? Faz ela tão feliz como você já me fez, todos merecem sentir o pulsar da vida como eu senti, nada de chegar como o vento encanado que levou Brás Cubas dessa pra pior. Já te ensinei, se você souber chegar e sair, ninguém se fere. Expor desde o inicio seus objetivos e intenções, facilita o desapego iminente. Não vá embora sem dizer adeus, não de novo.

Sua coxa.

6 de julho de 2010

Mulata



Vem descendo a ladeira

A mulata de largas ancas

Boca carnuda e lata de água na cabeça

Equilibra a lata no desequilíbrio que e a sua vida

Em casa apanha em troca do almoço

Se deixa possuir em troca de onde dormir

A noite sua angústia transparece através da retina

Sustenta os três filhos deitando em camas que não são suas.

O seu lazer e incompreensível

Viu o marido morrer assassinado na cama da terezinha,

Pelo marido da mesma, q atualmente esta foragido.

Desde então as crianças vão pra escola atrás da merenda, e pro sinal atrás do pão

O número de camas a deitar aumentou

A necessidade por dinheiro nasceu para as crianças

Ela deita, rola, ganha

E o mais novo pede, rouba, apanha

Sem perspectiva a vida segue

De segunda a sexta ela gosta mesmo é de sofrer.

Cerveja no domingo, a alma é quem pede.

3 de julho de 2010

o não saber


Carla estava decidida, ia contar tudo, independente das futuras reações. Chegou em casa ás 19h ele chegaria daqui a alguns minutos, tempo suficiente pra tomar o banho e por a lasanha no forno. Colocou a mesa e esperou. 19h40min o interfone, o porteiro, a campanhia, ele. Boa noite meu amor, a tomou em seus braços, fortemente abraçada se sentiu em paz, beijos a parte o convidou a entrar, lhe serviu vinho barato e pôs Billie holliday na vitrola, pediu um minuto, tirou a lasanha do fogo, pôs sobre a mesa e se pôs a chorar. O que houve quis ele saber, insistiu por 3 minutos e ouviu um grande Eu te amo.

- É, era isso que há tempos eu procurava. Era isso que eu imaginava, era nesta magia que eu queria estar envolvida.

- mas ...

- Sinto-te e isso me basta, tua pela quente me faz dispensar qualquer cobertor. Teu cheiro barra qualquer tentativa frustrada dos franceses de criar a fragrância perfeita, contigo por perto vejo a olho nu o amor florescer.

- mas...

- o adeus é sempre indesejado e teu sorriso vale mais que um olho em terra de cego, meu medo é que você me deixe, com tanto outros fizeram.

- é que...

- Queria agora ao ter te encontrado não trazer comigo cicatrizes do passado, queria ter deixado o medo na esquina e a insegurança com o ultimo otário que jogou fora a possibilidade de ser feliz a dois.

- você não entende que eu...

- é isso demorei pensando se devia falar ou não, mas pensei: como posso perder o que eu não tenho? Se for o teu amor que está em jogo, e eu o perder era porque já não me pertencia mesmo. Agora pode ir, quer que eu coloque a lasanha pra viagem? Já concertou o micro-ondas? Falando nisso, pegou as roupas na lavanderia?

- Eu também TE AMO, e por incrível que pareça, a lasanha eu quero pra sobremesa.