19 de junho de 2010

mais um dia.

3 meses depois nos esbarramos, olhares desconcertados, mãos nervosas, e sorrisos disfarçados. Eu como tenho mais atitude e menos vergonha caminho até você. Percebo que está acompanhado, quando me vê se aproximando se levanta, ensaia abrir a boca para falar alguma coisa sem sentido, mas desiste. Estende-me a mão e eu a ignoro e retribuo com um abraço. A sua companhia sentada estava, sentada continua. Você a apresenta usando apenas o nome, não informa que cargo na sua vida ela ocupa, tampouco me interessa, também estou acompanhada, meu melhor amigo gay é cara da vez, e aproveito a deixa para não apresentá-lo. Como vai? Vou bem; eu também; e o pessoal? Tá todo mundo bem; chegou agora ou ta indo? To saindo, vim pra um happy hour; e você? A Sandra chegou hoje de viagem; hummm Sandra... o silêncio nos dominou e o a insistência do meu amigo fez eu me despedir, com promessas de um novo encontro é claro, e desta vez planejado. Lhe abracei novamente, joguei um sorriso falso pra “sandrinha” e fui caminhando para o carro na pose de sempre, que eu sempre tive, de mulher feliz, completa e realizada. Mal entrei no carro e já sai inundando tudo de ressentimentos, de amores desfeitos, de arrependimento, a mão amiga me enxugou os olhos e me mostrou o caminho, primeira a esquerda, olha o sinal, corta luz, reduz a velocidade, não é formula um, é São Paulo. Chegamos, tem certeza que não quer dormir ai? A cama é sua, como sempre, fico na sala. Não obrigada, preciso da minha cama hoje. E vou embora, na realidade sem rumo, paro num bar, peço uma dose de gim, desta vez sem água tônica, bebo em três goles e lembro que amanha tenho que acordar cedo, reunião com os grandões. Chego em casa, reparo na sala que você não está, na cerveja que você não tomou, na cama que você não desforrou, no banheiro que você não molhou e choro, choro compulsivamente, desesperadamente, choro o nosso fim, choro o nosso amor mal feito porem delicioso, choro o seu cheiro que eu não sinto mais, choro o quarda-roupa vazio, choro a sua falta. Caminho para o banheiro e vou tirando a roupa, abro o chuveiro, água fria, me jogo em baixo, começo a me tremer e a não saber diferenciar água de lagrimas, isso é bom, não saber se chora muito ou pouco ajuda a parar. A campanhia toca, eu disse ao Pablo que ele não se preocupasse q eu ia ficar bem, so preciso ficar só, grito que já vou e saio toda molhada na ponta dos pés, cara ensoberbecida de lagrimas, abro a porta e ...
É você, com os olhos tão chorosos quanto os meus, um perdão escapada da sua boca, você me toma em seus braços, choramos juntos, pensamos no tempo perdido, no porque do fim, nas brigas constantes, na divergência dos gostos, nos diferentes objetivos, na vontade de casar de um e na vontade de viver do outro, nos filhos que um sonha e nos filhos que o outro abomina, na incompatibilidade de horários, no fato de morarmos em cidades diferentes, voce me olha nos olhos, reparo que Sandra está no volante, volto o olhar pra você, e como se adivinhasse a pergunta você responde que é uma prima distante. Em outra hora eu não acreditaria, mas não me restam opções. Você me beija, longa e pausadamente, novamente com os olhos nos falamos. E um adeus mudo é dito. Você entra no carro, Sandra apenas me olha, entro em casa, fecho a porta, apago as luzes e percebo que sobrevivi mais um dia.

3 comentários:

Myrella Vas disse...

put's *-*

pq acabou? quero mais!!


perfeito

Jandir Jr. disse...

Parabéns pelo blog e pela evolução dos seus textos. Já sigo seu blog a algum tempo e fico impressionado por sua capacidade em expressar pelas palavras, algo tão difícil hoje em dia... Bem, parabéns mais uma vez. ;P

Marcelo Arcoverde disse...

Mto BoM..:P